O texto transcrito abaixo, é de Lohany, filha de amigos meus, que tem sete anos está frequentando o segundo ano. Esta menina está sempre contando histórias e, o interessante é que também está sempre vestida com roupas de princesas. Usa vestidos que foram usados em seus aniversários e cada dia diz que é uma princesa diferente. Em uma de nossas conversas ela nos contou essas passagens.
(Para ouvir os áudios, clicar com o botão direito do mouse, ir a Objeto do gravador de som, em executar).
Gravação 01
"Uma vez eu e a Camila, minha vizinha, minha amiga ali távamos comendo bergamota aí a gente deu uma mordida e tomamo um banho de bergamota e a tia Tere, que é a minha tia , sabe, todo mundo sabe né, falo que que era pra gente tomar banho e a gente ficamo no pátio..”
Gravação 02
“Uma vez eu entrei num ônibus né, aí eu vi um velhinho sem uma perna aí aí eu falei bem assim : _ O que que aconteceu com a sua perna senhor? E ele falo: _Eu perdi. Aí eu falei bem assim ó: _ Báh! Não se preocupa que o meu pai acha pro senhor.”
Gravação 03 (sem a transcrição do áudio)
Ao analisar as histórias contadas por essa criança posso observar que ela procura contar passagens da sua vida cotidiana. Ela traz aqui um acumulo de experiências que são importantes e que marcaram sua vida até agora, fatos esses que possivelmente jamais esquecerá. Em suas narrativas usa um pouco a fantasia e acha engraçada a forma com que ela própria encarou estes acontecimentos, ri muito durante a sua narrativa. É importante esse tipo de narrativa, pois assim pode elaborar sua própria construção de pensamento dentro do universo que vive.
Ao fazer a terceira narrativa, onde conta uma história que já havia ouvido um adulto lhe contar, a História da Bela Adormecida, ela usa uma linguagem bem rica em detalhes, parece que tem a história decorada. Acho que pelo fato de ter uma identificação maior com histórias de princesas, e pelo fato dessas histórias fazerem parte de seu dia a dia. Como coloquei anteriormente, ela vive esta fantasia de ser uma princesa. No entanto, penso que sua linguagem é extremamente rica em criatividade quanto em detalhes por se tratar de uma criança que convive principalmente com pessoas adultas ( o meio em que vive interfere muito em sua narrativa). Enquanto a menina me contou as histórias, não achei necessário intervir em suas colocações, pois penso que seria desnecessário nessa situação. Por outro lado, caso não tivesse conversado com uma criança que tivesse o mesmo nível de amadurecimento, na narrativa, que esta, penso que poderia lhe fazer mais perguntas para ver até que ponto iria seu mundo de fantasia.
As narrativas são fundamentais para o desenvolvimento cognitivo e afetivo das crianças, pois delas dependem inclusive o seu desenvolvimento e a participação no mundo social.
Um comentário:
Ana!!! estás te superando!! Adorei!! Um abração
Bea
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