24 outubro 2009


PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO

Ao assistir aos vídeos: "Possibilidades ao meu redor e Vamos passear na vassoura da Bruxa Onilda", pude aumentar a minha conscientização da importância que o planejamento tem no nosso dia a dia, tanto no sentido de trazer as possibilidades de aprendizagens aos nossos alunos, quanto no sentido de fazê-lo gostar das aulas. Nossos alunos não tem paciência e nem gostam da escola, por ela não lhes trazer nada de novo, por ser uma mera passadora de conteúdos programáticos e estabelecidos previamente. Sempre fui uma professora de planejamentos. Dia desses, em uma aula presencial, algumas colegas riram quando eu falei que fazia planejamento em um diário. Na hora fiquei pensando no quanto eu era antiquada com essa minha atitude, mas não deixei de usar esta prática. Lembro que ao cursar o magistério, há mais de vinte anos, tinha um pavor de ter que fazer aqueles planos horizontais, mas no decorrer desses anos, nunca consegui ir para minhas aulas sem eles. Mudei a forma de apresentação dos mesmos, passando a usar o diário, mas o planejamento sempre está presente. Uso todos os dados que são necessário para poder chegar ao objetivo ao qual me proponho . Essa mania se acentuou com a participação no Projeto do Geempa, no qual minha escola está inserida. A Ester sempre faz questão de que levemos nossos planejamentos para que possa analisar e passar adiante o que produzimos enquanto profissionais e o quanto é importante estarmos organizados dessa forma para podermos atender nossos alunos da melhor forma possível. Estarmos sempre atentos ao que eles buscam ou que tem de espectativa. Ano passado ao iniciarmos nossa capacitação, mesmo já sendo uma seguidora da proposta, eu tive muitas dificuldades ao conseguir me adaptar ao que estava surgindo à minha frente, pois eu havia feito as vanguardas pedágógicas há muito tempo e as mudanças ocorreram de uma forma significativa com o passar dos anos. Precisei me adaptar a muitas novidades surgidas nesse período. À princípio achei que poderia simplesmente ir pela sequência do livro que nos fornecido pelo Geempa, mas precisei me adaptar ao que meus alunos tinham de necessidades, de dúvidas, de fome de aprender . Aí vieram os planejamentos que não estavam inseridos no livro. De lá para cá, eu procuro suprir essas necessidades e sempre busco com meus alunos as formas de nos inserirmos dentro da aprendizagem (não sei se é dessa forma que deveria me expressar). Com o vídeo da bruxa pude me emocionar e perceber que estou tentando ir da mesma forma com meus alunos, pois sua fome de aprendizagem é cada vez maior e nunca estamos verdadeiramente preparados para as dúvidas que eles possuem. Acho que minha mudança de pensamento e de comportamento também se acentuou no decorrer do curso, pois minha vida profissional estava parada no tempo, eu não tinha mais uma visão tão romântica da educação. Quando paramos de estudar, parece que tudo ao nosso redor também pára. Passamos a viver um mundinho extremamente medíocre em relação à aprendizagem e, principalmente em relação a educação. Não somos capazes de ver que o mundo gira, que as coisas acontecem, que a mudanças explodem ao nosso lado e, simplesmente fechamos os olhos para elas. Não somos capazes de perceber que as possibilidades estão ao nosso redor e que nós podemos ter essas possibilidades ao nosso alcance. Hoje, ainda fico um pouco decepcionada ao ver que muitas vezes falo ao vento em uma das escolas onde trabalho, pois muitos colegas não percebem que seus alunos não estão ali para terem uma mera educação bancária e baseada em conteúdos preestabelecidos. Não são capazes de ver que seus alunos são muito mais do que pequenos expectadores de suas aulas. Eu hoje, posso me orgulhar de ter mudado meu campo de visão em relação à educação e certamente, não sou a mesma depois de ter a estudar. Muitos voltaram comigo, no entanto, o que lhes importa realmente, é o canudo. Eu não. Eu busco a minha real capacitação para poder fazer a diferença na vida de meus alunos. O mais importante para mim, é que pude perceber que eu amadureci profissionalmente e que não posso mais deixar as possibildades aparecerem e eu não levantar meus braços para alcançá-las. Muitas vezes paro para pensar em quantas vidas eu deixei de mudar ao ser uma simples professora que esperava o sinal bater para poder ir embora. isso me faz mal. Não posso voltar atrás, mas posso fazer a diferença daqui para a frente, simplesmente com organização e planejamento.

15 outubro 2009

TRABALHO DE LINGUAGEM

O texto transcrito abaixo, é de Lohany, filha de amigos meus, que tem sete anos está frequentando o segundo ano. Esta menina está sempre contando histórias e, o interessante é que também está sempre vestida com roupas de princesas. Usa vestidos que foram usados em seus aniversários e cada dia diz que é uma princesa diferente. Em uma de nossas conversas ela nos contou essas passagens.

(Para ouvir os áudios, clicar com o botão direito do mouse, ir a Objeto do gravador de som, em executar).

Gravação 01
"Uma vez eu e a Camila, minha vizinha, minha amiga ali távamos comendo bergamota aí a gente deu uma mordida e tomamo um banho de bergamota e a tia Tere, que é a minha tia , sabe, todo mundo sabe né, falo que que era pra gente tomar banho e a gente ficamo no pátio..”


Gravação 02
“Uma vez eu entrei num ônibus né, aí eu vi um velhinho sem uma perna aí aí eu falei bem assim : _ O que que aconteceu com a sua perna senhor? E ele falo: _Eu perdi. Aí eu falei bem assim ó: _ Báh! Não se preocupa que o meu pai acha pro senhor.”

Gravação 03 (sem a transcrição do áudio)

Ao analisar as histórias contadas por essa criança posso observar que ela procura contar passagens da sua vida cotidiana. Ela traz aqui um acumulo de experiências que são importantes e que marcaram sua vida até agora, fatos esses que possivelmente jamais esquecerá. Em suas narrativas usa um pouco a fantasia e acha engraçada a forma com que ela própria encarou estes acontecimentos, ri muito durante a sua narrativa. É importante esse tipo de narrativa, pois assim pode elaborar sua própria construção de pensamento dentro do universo que vive.
Ao fazer a terceira narrativa, onde conta uma história que já havia ouvido um adulto lhe contar, a História da Bela Adormecida, ela usa uma linguagem bem rica em detalhes, parece que tem a história decorada. Acho que pelo fato de ter uma identificação maior com histórias de princesas, e pelo fato dessas histórias fazerem parte de seu dia a dia. Como coloquei anteriormente, ela vive esta fantasia de ser uma princesa. No entanto, penso que sua linguagem é extremamente rica em criatividade quanto em detalhes por se tratar de uma criança que convive principalmente com pessoas adultas ( o meio em que vive interfere muito em sua narrativa). Enquanto a menina me contou as histórias, não achei necessário intervir em suas colocações, pois penso que seria desnecessário nessa situação. Por outro lado, caso não tivesse conversado com uma criança que tivesse o mesmo nível de amadurecimento, na narrativa, que esta, penso que poderia lhe fazer mais perguntas para ver até que ponto iria seu mundo de fantasia.
As narrativas são fundamentais para o desenvolvimento cognitivo e afetivo das crianças, pois delas dependem inclusive o seu desenvolvimento e a participação no mundo social.

05 outubro 2009

WALL.E



Já havia ouvido falar, mas não tinha tido a oportunidade de vê-lo. Um dos filmes mais lindos que já assisti. No último fim de semana o olhamos aqui em casa e, como estou trabalhando sobre meio ambiente com minhas crianças do dia, resolvi passar para eles também. Ao contrário do que imaginava, poucos haviam assitido. O filme fala de um grande amor de um robô ultrapassado com um robô moderníssimo. No entanto, o desenrolar se dá em função da grande destruição que foi deixada em nosso planeta pela própria humanidade, que o abandonou e passou a viver em uma gigantesca nave. O plano era que o retiro durasse alguns poucos anos, com robôs sendo deixados para limpar o planeta. Wall-E é o último destes robôs, que se mantém em funcionamento graças ao auto-conserto de suas peças. Sua vida consiste em compactar o lixo existente no planeta, que forma torres maiores que arranha-céus, e colecionar objetos curiosos que encontra ao realizar seu trabalho. Até que um dia surge repentinamente uma nave, que traz um novo e moderno robô: Eva. A princípio curioso, Wall-E logo se apaixona pela recém-chegada. Com o desenrolar da história conseguem descobrir uma pequena planta que ainda se mantém viva, o que dá uma nova esperança de voltarem a viver em nosso planeta. A história é espetacular e vale a pena levá-la aos nossos alunos.

PAULO ROBERTO


Lembro que quando eu era criança, ao lado de minha casa morava uma família que tinha oito crianças, dentre elas havia o Paulo Roberto, que era um menino surdo com a mesma idade minha, nós tínhamos uma relação muito próxima por esse motivo. O Paulo falava aos gritos, ou melhor, balbuciava algumas coisas, sempre gritando. Sua mãe não sabia de sua deficiência e foi alertada dela por minha mãe, pois era professora e já conhecia alguns casos de crianças com deficiência auditiva. Dona Dalva, sua mãe o levou ao médico, onde foi constatada a surdez. Com a ajuda de minha mãe, conseguiu uma vaga para ele no Instituto Concórdia, em Porto Alegre. Através desta escola ele conseguiu o aparelho auditivo, o que facilitou muito sua vida. No entanto, até ser detectada a surdez, conseguir escola e o aparelho ele já tinha quinze anos, ou seja, era um adolescente que já havia passado por diversos processos discriminatórios, inclusive da própria família, pois era tratado por todos em casa como um “retardado”, era uma das palavras usadas por eles. Ele nunca tinha aprendido a ler ou escrever, pois não se adaptava à escola e nunca nenhum professor deu atenção a sua falta de aprendizagem. Lembro que já éramos moços, em torno de dezesseis ou dezessete anos e fomos acampar. Levamos o Paulo Roberto junto, e foram as melhores férias que ele teve, pois conseguia participar de todas as atividades que fazíamos, pois ele não era mais “tão surdo” como antes, era o que dizíamos a ele. Eram brincadeiras bobas, mas também não sabíamos o que a surdez era na vida dele. Hoje, aos trinta e sete anos, ele é um homem trabalhador, e em sua profissão adquiriu muitas coisas, dentre elas uma boa posição dentro da empresa, pois é diretor de sessão em uma metalúrgica com um bom salário, é pai de família dedicado e responsável com seus filhos. Ainda temos contato, pois ele sempre diz que se não fosse por nós, amigos e minha mãe, ele estaria ainda sendo tratado como retardado. Embora eu já estivesse me formando aos dezessete anos, não conhecia os problemas que uma pessoa surda enfrentava, mas com o passar dos anos essa história ficou gravada em minha vida como uma das maiores lições que tive. Com a passagem dessa família por minha vida e mais especificamente com o Paulo Roberto, aprendi algumas coisas, dentre elas o alfabeto e, na época sabia alguns sinais, que representavam algumas coisas como: mãe, pai, amor, amizade, felicidade, raiva, tristeza e outras que não recordo. Infelizmente, com o passar dos anos e com o desuso, hoje não lembro de mais nada, a não ser do alfabeto, pois meu filho gosta muito de perguntar e lhe falei de algumas músicas que ouvíamos em que eram usados os sinais. Naquela época havia o programa da Xuxa, que tinha um espaço onde aparecia este tipo de linguagem. Atualmente, perto da casa de meus pais tem um rapaz que é surdo que trabalha em um mercado, mas não tenho muito contato com ele, e também interage somente aos gritos, pois não teve a mesma oportunidade que meu amigo. Sei que na escola estadual onde trabalho tem um menino que frequenta o primeiro ano que é surdo e, infelizmente, está tendo sérios problemas, tanto com os colegas como com a professora. A mesma está sofrendo muito, pois não tem capacitação para trabalhar ou atender este aluno, assim como não somos, nós professores, capacitados para atuarmos com nenhum tipo de deficiência.
Penso que poderíamos ter capacitação, para trabalharmos com pessoas deficientes, ou mais especificamente, surdas, como é o caso. Muitas vezes nos deparamos com situações que são imensamente constrangedoras para nós e, a deficiência faz parte de uma situação dessas. Às vezes ficamos durante muito tempo com alunos que não conseguem desenvolver a aprendizagem como deveriam, simplesmente porque não sabemos detectar nenhum tipo de deficiência, nem a surdez. Quando conseguimos perceber alguma coisa errada, pode ser muito tarde e estamos sujeitos a ter cometido erros graves com essas crianças, sem ao menos termos consciência disso.

02 outubro 2009

Argolinhas

Lendo o email enviado pela Íris, pude rever algumas coisas em relação ao que tenho produzido durante o semestre. Vi que embora tenha feito das tripas o coração para conseguir estar com tudo em dia, de nada tem adiantado. Tenho tentado produzir o máximo que posso: ler muito, postar as atividades em dia, participar dos foruns e refazer as atividades que deixam a desejar. Ao ver as tais argolinhas no material da Íris, percebi que todo o meu esforço parece ter sido em vão. Acho que nunca vou conseguir dar tudo o que puder, sem no final perceber que ainda poderia ter dado mais. às vezes penso em largar tudo e voltar a minha vidinha de antes, mas também penso que já passei por cada pedaço para chegar a té aqui... Acho que este curso está abrindo demais os meus olhos e não gosto muito disso, pois eu sofro demais em perceber isso. Eu queria tanto poder voltar atrás e ser a mesma professora de antes, que não se preocupava muito com as coisas e que não percebia que só poderia mudar alguma coisa com a minha mudança de comportamento. Acho que era mais feliz... Vejo alguns colegas nas escolas que são tão felizes por não se preocuparem com nada. \por que eu fui me meter nessa história de UFRGS?
Agora vem o Nestor falar em Diário de Classe, como se eu não soubesse o que é um diário de classe. Quando tivemos aula resencial com o Nestor, eu comentei com algumas colegas que tinha o diário, realmente, aquele feito em um caderno com as atividades diárias dos alunos, as observações e recomendações sobre as aulas. Elas riram muito e disseram que eu era tri atrasada, que isso não se usava mais. Eu vim para casa decidida aabolir o mesmo, mas não consegui, pois todos os anos, durante vinte anos eu faço o meu diário. Cada ano escolho um caderno mais bonito e mais atraente para fazer o meu diário. Penso sempre no que vai chamar mais a atenção dos alunos. Será que estou louca, e o diário virou caderno de chamada nos últimos anos e, eu fui a única que não percebeu? Não quero mais mudar. Quero voltar a ser eu mesma!