28 setembro 2006

Eu e o Barqueiro

Após ler o texto de Saramago "A ilha Desconhecida", deparei-me conflitantemente comigo mesma, ou seja, que papel tenho dentro da sociedade em que vivo? Na minha família? Na minha profissaõ? Na minha missão enquanto educadora? Será que o que estou procurando é tão evidente como acho que é, ou é algo totalmente desconhecido para mim? Sempre fui uma pessoa corajosa, ousada, forte, sem qualquer tipo de medo e totalmnte desprovida de preconceitos. Aos doze anos, tinha claro que seria professora, com o coração e a cabeça cheios de idéias , utopias e espectativas, de com minha profissão salvar o mundo e tirálo das podridões existentes. Hoje, com quase dezenove anos de profissão, finalmente consegui parar e refletir: é realmente isso que espero de minha profissão, de minha família, enfim, dessa "sociedade" em que vivo, me me parece uma sociedade totalmente desnorteada, em que nem ela mesmo sabe por que está aqui, que é totalmente desprovida de qualque utopia e desejos, que simplesmente sobrevive por sobreviver. Durante treze anos trabalhei em um Colégio Estadual que é o sonho de qualquer professor, apesar de estar dentro de uma comunidade muito carente"o Mutirão", vivi alí, os melhores anos de minha carreira, parece que apesar de ser naquele local, não existia problema algum, em relação a nada, tudo era quase perfeito. Após ter-me afastado, pois fui cedida para trabalhar dentro da Adminstração da Prefeitura, finalmente em 2005, retornei para a sala de aula, morrendo de vontade trabalhar no que realmente sabia fazer, dar aulas. Só que a realidade foi completamente diferente do que esperava, fui enviada para uma escola mais próxima de minha residencia, pois durante esse período havia me mudado, foi a partir dessa escolha que fiz, porque poderia ter continuado onde sempre estive, no Colégio dos sonhos, que o meu ideal como professora caiu por terra( sou muito chorona, e adivinhem o que estou fazendo agora, ao recordar-me de tudo isso). A Escola para qual fui designada é muito conhecida por todos,mas não era nada conhecida por mim, apesar de ter lá estudado quando criança, pois minha mãe lecionava lá e para ficar mais perto me levou junto( desculpem, estou novamente divagando, os colegas que me conhecem sabem que às vezes saio da casinha). Bom, Assumi uma turma de 2º série de crianças com muitas dificuldades de aprendizagem, altistas, com problemas de visão, sem referência alguma de valores, vítimas de violência,enfim, àquela crianças que são dadas para quem chega novo nas escolas, `aquelas que os professores dizem que não as querem nem pagando, mas aceitei esse desafio (obs: estavam na 2º série e não escreviam nem os nomes, pois foram jogados lá como se fossem sacos de lixo). Já estou chorando novamente! Como não tinha a quem recorrer, lembrei-me de uma colega que trabalhou comigo durante alguns ano, Kátia Banhert, pessoa totalmente dedicada e realmente preocupada com essa exclusão, refleti muito, tive medo, tive vontade sair e não voltar mais, tentei então reviver alguns momentos que passei ao lado dessa amiga e colega, então resolvi assumir o meu papel de EDUCADORA, e não mais, ser simplesmente professora( um dia espero poder contar isso à Kátia, que hoje dirige uma escola no Rio, tenho certeza que se sentirá orgulhosa de mesmo estando longe ter me ajudado). Então, propús à direção da escola que alfabetizaria aquela turma, pois na realidade não tinha escolha, ou eu os assumia ou iriam passar o resto de sua vidas alí, sentados esperando a vida passar, mas que ela também assumiria o compromisso de me proporcionar que continuasse com eles na série seguinte, mas não pensem que foi fácil, muitos leões e tigres tive que enfrentar e matar para conseguir o que queria , desbravar essa ilha desonhecida, como diria o barqueiro. Hoje, minhas crianças estão na 3º série, continuam com algumas dificuldaes, mas muito menores das que tinham anteriormente. percebi que sozinha, dentro de uma sala sem qualquer tipo de recurso ou amparo de pessoa alguma da escola não conseguiria, então fui atrás das famílias, fazê-los entender que a responsabildae de seus filhos eram suas, que os valores deveriam ser dados por eles, bem como dignidade, respeito e principalmente amor e atenção, e que eu como educadora que agora era, tinha como função resgatar o desejo dessas crianças de fazerem parte dessa sociedade, e aprenderem a viver nela, como iguais e não como pesoas diferentes das outras. Infelizmente, falhei com alguns, poucos, mas falhei. Porém, os que consegui resgatar valeram à pena. Hoje, são crianças independentes, com auto-estima, que sabem que são cidadãos e que sabem que tem deveres e direitos como qualquer outro ser humano, que tem direito de falarem e serem ouvidos, que tem direito de terem uma educação igual a todos e que devem considerar-se iguais e que fazem parte desse mundo,e principalmente, quando sentirem-se excluídos têem a obrigação de reclamarem e de exigirem sua igualdade.
Com o Barqueiro, descobri quem sou, uma educadora, que está sujeita a acertar e errar como qualquer outro ser humano. Acho que a partir desse momento tornei-me uma mãe melhor, uma esposa melhor, uma filha melhor e principalmente um ser humano melhor.
Agora sei porque escolhi se educadora, para plantar semenes que de alguma forma darão grandes frutos. Hojetenho coragem de enfrentar qualquer desafio, tenho voz para reinvindicar, e, principalmente, de mover mundos e fundos para alcaçãr meus objetivos. Assim como posso dialogar, posso brigar e exigir os meus direitos e os direitos de meus alunos, e ninguém pode me tirar o dirito de pensar e de sonhar com um mundo melhor para todos nós.
Como o Barqueiro diz, tudo o que achamos que conhecemos, no fundo nos é desconhecido, e que pode torna-se algo de extrema utilidade para nós.
Agora,acho que sou feliz"
Durante alguns anos iniciei alguns cursos universitário, os quais parei por medo do desconhecido. E hoje, também estou me deparando com o deconhecido(EAD), mas esse desconhecido está me fascinandomais que tudo.Já sei o qu esou e o que quero ser. Quero ser a melhor educadora que puder.
Graças ao EAD, estou transpondo todos os meus medos e espero sinceramente poder mudar cada dia mais o meu comportamento e a minha visão em relação ao o que é ser educador.
Acho que encontrei a minha ilha desconhecida, e quero explorá-la ao máximo.
Ana Cláudia Silveira Del Monego - Polo Alvorada

4 comentários:

Ivana disse...

Olá Aninha, tudo bem?
Obrigada pela postagem, que bom que tu gosta das minhas imagens.
Essa semana está sendo fogo para mim, Conselhos de Classe, fico quase sem fôlego. Ufa! Mas não poderia deixar de te agradecer o carinho!
Um beijo, Ivana

Vera disse...

Olá Ana Claudia. Escrever sobre nós envolve sentimentos, às vezes desconhecidos (daí o medo), agora que fostes ousada e “encontrastes tua ilha” comece a explorá-la, relendo a atividade proposta e organizando tuas idéias, refletindo sobre teu texto o que está sendo proposto. Depois, siga as orientações de postagens. Não esqueça o link no rooda. Qualquer dúvida, estou aqui para ajudá-la. Um abraço, Vera

Adriana Irigaray disse...

Oí Ana, que bonita a tua postagem,é bom saber que és um ser humano melhor, que estás plantando como educadora e pessoa, para um mundo melhor.Beijos Adriana

Alexandra disse...

Ninha não sei porque ,mas também virei uma chorona de carteirinha,também lembro saudosa do nosso grupo "antigo" do Érico,saiu tu a Rosane...mas a vida é assim...Sinto-me como a serviçal que seguiu o homem em sua ilusão de encontrar a ilha desconhecida,quantas vezes inspirei-me em ti e te acompanhei,de tão convicta que eras...também muito me espelho em ti,principalmente a guerreira que és.Beijocas