REFERENCIAL
Uma professora fica com a mesma turma durante dois anos . Nessa turma, desde a primeira aula um menino chama sua atenção mais do que o normal, pois é uma criança agressiva, rebelde , brigona e nunca fala com ela com delicadeza. Porém esta criança tem uma mãe que está sempre presente, conversando com a professora, pedindo informações do filho, querendo ajudar no que for preciso. Aos poucos mãe e professora formam uma parceria para tentar resolver os problemas apresentados pela criança. No entanto, a professora não consegue aproximar-se da criança como se aproxima das outras. A mãe, tenta sempre ajudar o filho seguindo todos os conselhos dados pela professora e pela orientação da escola. Um dia, a professora precisa ausentar-se da sala, pois havia sido chamada na direção e logo tem sua atenção voltada novamente para sua sala, pois estabelecera-se uma gritaria nela. Quando retorna para ver o que ouve , o menino havia pulado a janela, pois pensara que havia ficado preso. Uma janela tão estreita que era quase impossível acreditar que poderia ter passado por ali, mas passara. Esse menino aprendera a ler muito mais rapidamente do que conseguira se apropriar da escrita, aliás nunca gostara de escrever ( mas sabia escrever), só lia, lia e lia. Ao final do ano fez a testagem e não escrevera uma palavra, no entanto interpretava textos e respondia oralmente tudo que lhe era proposto e, avançou para o próximo ano. Embora a mãe tenha sido avisada, no ano seguinte as mesmas dificuldades continuaram. A mãe continuava presente, no entanto, confessara a professora que estava se sentindo impotente em relação ao filho, pois além dos "problemas" apresentados por ele, também passava por dificuldades no casamento, financeiras e havia descoberto que estava com nódulos no útero. A mãe continuava indo, diariamente, a levar o filho na escola. O menino continuava apresentando o mesmo comportamento. Certo dia, recusou-se a conversar quando a professora lhe chamou e ameaçou jogar algo nela, o que foi passado à sua mãe, que conversara com ele, mas pouco adiantou. Ele lia, lia muito, porém continuava negando-se a escrever. Foi tentado de tudo. Ele faltou dois dias na escola, quando retornou foi questionado pela professora, e respondeu que a polícia havia ido a sua casa com o "homem da justiça" e os despejaram porque não tinham dinheiro para pagar o aluguel. Diz que chorou muito abraçado à mãe e ao irmão, pois o pai não estava em casa, mas no bar bebendo. Um vizinho emprestou o galpão dos fundos de sua casa para eles. Após quinze dias o menino faltou novamente a aula e a professora perguntou aos colegas por ele, ao que reponderam: a mãe dele morreu ontem. A professora perdeu o seu chão e desde então se pergunta se não poderia ter dado notícias melhores a mãe deste menino, que agora perdera todas as suas referencias de morada, de lar e de mãe. Parabéns a esta mãe que lutou até o último dia por seu filho "problemático e rebelde". Algum motivo ele tinha para sentir isso. O que será deste menino? Quem o defenderá das maldades do mundo? Quem o ensinará a ver o mundo de uma forma diferente da que vê hoje? Por que morrem mães com filhos pequenos? Tenho certeza que esta professora mudou sua forma de pensar em relação a muitas coisa desde que isso aconteceu e que certamente, a escrita não fará tanta diferença para ela apartir desta situação.
Um comentário:
Que caso estranho Ana!! O que será que levava esse menino a não escrever? Imagino que sabia e que deveria ser uma questão de birra. Triste a gente se sentir impotente diante desse tipo de fato. Mas, se perdemos um temos que fazer o mais que o possível para não perdermos muitos mais.
E, revendo meus apontamentos estive aqui no dia 15/09. Não sei porque não deixei recado.
Falha minha!!
Um abração
Bea
Postar um comentário